A contribuição das religiões e filosofias asiáticas, bem como, seus templos e mosteiros para o surgimento das artes marciais é geralmente um assunto controverso. Frequentemente é dito que as artes marciais asiáticas se originaram especialmente no mosteiro budista chinês, chamado Shaolin e, a partir dele, se espalharam por todo o mundo.
Nesse sentido, Lewis [1996] argumenta que as bases para o surgimento, desenvolvimento e disseminação das artes marciais asiáticas são as religiões ou doutrinas do taoísmo, bem como, do budismo, através de seus monges e sacerdotes. No entanto, esta afirmação nem sempre é comumente aceita.
Por exemplo, Henning [2011] afirma que as artes marciais não se originaram em mosteiros e templos, mas foram levadas a estes locais por pessoas comuns de diferentes esferas da vida, incluindo militares.
Porém, apesar dessa controvérsia, é comumente aceito que diferentes doutrinas e filosofias asiáticas contribuíram para o desenvolvimento das artes marciais. Essas doutrinas e filosofias, de acordo com Lewis [1996] e Henning [2011] incluem o Confucionismo, o Budismo e o Zen.
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CONFUCIONISMO, BUDISMO E TAOÍSMO
O confucionismo se originou na China pelo filósofo chinês Confúcio, está mais para uma filosofia do que uma religião. Esta filosofia enfatiza fazer a coisa certa; deveres para com os pais; devoção à tradição familiar e dedicação à verdade e ao idealismo.
Já o budismo, que é de origem indiana, foi introduzido e se espalhou para outras partes da Ásia, incluindo China, Japão, Coréia e Vietnam.
No entanto, a doutrina perdeu muito de sua forma original à medida em que interagia com outras religiões ou filosofias, como por exemplo, o confucionismo e o taoísmo, que resultou na criação do Zen-Budismo.
A filosofia taoísta e o zen-budismo são as que estão mais ligados às artes marciais. Ambas as doutrinas enfatizam a harmonia do corpo e da mente para alcançar a salvação [Lewis 1996].
De acordo com Henning [2011], enquanto os templos taoístas são creditados principalmente pelo desenvolvimento da forma interna ou suave das artes marciais, os mosteiros zen budistas são creditados pelo desenvolvimento da forma externa ou dura.
Henning [2011] também destaca que a filosofia taoísta, que influenciou as filosofias confucionista e budista, é a base das principais concepções filosóficas das artes marciais asiáticas. Essa ideia filosófica central é baseada em como os taoístas entendem a natureza ou o universo:
Um ensinamento fundamental do taoísmo é que existe uma harmonia natural de todas as coisas, e que tudo na existência tem seu oposto complementar. Essas duas forças opostas, que fluem uma para a outra em um estado contínuo de mudança, são conhecidas como Yin e Yang, e são representadas por dois símbolos dentro de um círculo.
Yin é o aspecto negativo do universo e se relaciona com a noite, o frio, e é representado por um peixe preto, com um olho branco no diagrama circular.
Já o Yang é o aspecto positivo do universo, que por sua vez se relaciona com o dia, o calor, e é representado por um peixe branco com um olho na cor preta, onde nenhum pode existir sem o outro.
Essas duas forças inseparáveis, de acordo com os taoístas, são o princípio do universo. E as forças complementares, fluem umas para as outras.
Por exemplo: A noite torna-se dia, o verão torna-se inverno e o duro torna-se suave; Ou seja, o Yin torna-se Yang, empurrando continuamente para frente até o Yang tornar-se Yin novamente.
E esses dois opostos aparentes, não são vistos como permanentes e irreconciliáveis, mas sim, em constante mudança em um ciclo rítmico incessante, e compreender esse intercâmbio de Yin e Yang é talvez o aspecto mais importante no aprendizado de um sistema de artes marciais [Lewis 1996: 73-74].
O ZEN BUDISMO:
O Zen Budismo é uma forma chinesa do Budismo, que inclui ideias das filosofias confucionista e taoísta. Do confucionismo, incluiu a ênfase em rituais, já do taoísmo, incluiu o ritmo ou o movimento.
No Zen Budismo, a prática da arte marcial é considerada uma forma de meditação ou uma forma de praticar o Zen. Isso é feito principalmente nos treinamentos de formas pré-arranjadas, como por exemplo os “Poomsaes” ou os “Katas”.
“Esses movimentos de combate pré-arranjados, permitem ao praticante executar particularmente a sua arte marcial e lutar em combates sem estar consciente de suas ações ou sem ter sentimentos agressivos. Em tese, isso significa que uma pessoa pode meditar enquanto pratica as formas.”
Em outras palavras, nesta filosofia, acredita-se que a atividade física pode libertar a mente e, tanto o corpo quanto a mente do praticante, podem ser desenvolvidos simultaneamente [Nosanchuk, MacNeil 1989; Skidmore n.d], alcançando a iluminação utilizando o próprio corpo como um instrumento [Cynarski et al. 2011].
A ideia de mente e corpo ou desenvolvimento espiritual por meio da atividade física, é mais bem indicada no conceito japonês do Budo, que é traduzido como o caminho do guerreiro.
Esta orientação filosófica é especialmente evidente nas formas tradicionais de artes marciais, cujos nomes terminam com o sufixo DO, como por exemplo: Taekwondo, Karatê-do, Hapkido, Judô, Aikido, etc… [Mainland 2010].
QUANTO A FORMAÇÃO DA COMISSÃO ELEITORAL
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